O Teritório

O Território da Cidadania Borborema - PB abrange uma área de 3.341,70 Km² e é composto por 21 municípios: Algodão de Jandaíra, Arara, Areial, Campina Grande, Esperança, Pilões, Puxinanã, Queimadas, Remígio, Serra Redonda, Solânea, Alagoa Nova, Areia, Borborema, Casserengue, Lagoa Seca, Massaranduba, Matinhas, Montadas, São Sebastião de Lagoa de Roça e Serraria.

A população total do território é de 651.841 habitantes, dos quais 147.875 vivem na área rural, o que corresponde a 22,69% do total. Possui 24.725 agricultores familiares, 1.661 famílias assentadas e 3 comunidades quilombolas. Seu IDH médio é 0,67.

domingo, 27 de março de 2011

Morre padre belga José Comblin, da Teologia da Libertação

Morreu hoje cedo em Salvador o padre belga José Comblin, 88 anos, um dos mais importantes e polêmicos teóricos da Teologia da Libertação, e autor de vários livros, entre os quais A Teologia da Enxada, sobre a vivência cristã e teológica nas comunidades rurais.

Padre Comblin estava em tratamento médico na capital baiana. Foi encontrado morto, sentado, em seu quarto, quando era esperado para a oração da manhã e não apareceu na capela. Ele tinha problemas cardíacos e usava marcapasso. Apesar da doença, parecia bem disposto e estava trabalhando.

Nascido em Bruxelas, em 22 de março de 1923, padre Comblin veio para o Brasil em 1958, atendendo a apelo do papa Pio XII, que no documento Fidei donum (O Dom da Fé) pedia missionários voluntários para regiões com falta de sacerdotes.

Depois de trabalhar em Campinas e, em seguida, passar uma temporada no Chile, foi para Pernambuco, em 1964, quando d. Helder Câmara foi nomeado arcebispo de Olinda e Recife. Perseguido pelo regime militar, foi detido e deportado, em 1972, ao desembarcar no aeroporto de volta de uma viagem à Europa.

O Pe. José Comblin, criou um novo método de estudo da teologia a partir de um diálogo com a fé popular. O confronto entre a ideologia de Segurança Nacional que orientava as ditaduras militares na América Latina e as orientações de Medellin assumidas por parte importante da Igreja assistíamos quase que cotidianamente, a nível local, nas confrontações entre os militares no poder e a pessoa de D.Helder.

A partir daí, formou-se duas equipes de estudos e partiram para duas cidades interioranas: Tacaimbó no Estado de Pernambuco e Salgado de São Felix no Estado da Paraíba. Isso aconteceu no ano de 1969. Cada equipe partia para o meio do povo do campo querendo participar o mais possível da vida dele. Assim foram cultivar a terra, plantar os cereais que eles plantavam e sentir nas mãos e no suor o peso de suas vidas.

Desde o início o método provocou a necessidade missionária de organizar o povo em Comunidades de Base.  Entre os anos 73 a 79 As visitas se multiplicaram aos recantos dos municípios em que vivíam, nas periferias da cidade, onde partindo das necessidades da vida dáva-se início a organizações comunitárias. Sindicatos foram formados, cooperativas, partidos políticos apoiados, uma nova organização dentro da paróquia foi constituída. Confrontos com latifundiários e políticos locais, investigações da polícia secreta da ditadura, momentos de alegria e festa nas pequenas conquistas populares.

Em 1980 a volta do Pe José Comblin do Exílio proporcionou uma avaliação de uma década de estudos e engajamentos, a década de 70. Foi na Ilha de Itamaracá final do mês de maio e início do mês de junho daquele mesmo ano. No final da avaliação decidiu-se dar continuidade e prioridade ao movimento comunitário do campo.

Neste mesmo encontro na Ilha de Itamaracá (1980) viu-se como extremamente urgente a formação de padres e missionários especialmente formados para as comunidades do campo D.José Maria Pires Arcebispo da Paraíba e D. Marcelo Pinto Carvalheira, então auxiliar, acolheram. A Arquidiocese na Pessoa de D.José assumiu integralmente a proposta. Já no dia 25 de janeiro do ano seguinte (1981), num antigo engenho de propriedade da Arquidiocese - Engenho Avarzeado - no município de Pilões PB,  se inaugurava o 1º Seminário Rural da Paraíba. Irmã Maria Emília Guerra Ferreira,  João Batista M.Sales, Raimundo Nonato de Queiroz Pe José Comblin, Pe. Jorge Melo, Pe. Leonardo, constituíram a primeira equipe de formação do Seminário. Jovens camponeses vindos de diferentes Estados do Nordeste ano após anos começaram a frequentar o seminário. Ano seguinte, com a ereção da Diocese de Guarabira a área do Seminário - o engenho Avarzeado - ficou pertencendo à nova Diocese. D. José juntamente com a equipe de formação decidiu transferir o seminário para o Sítio Isidoro Município de Serra Redonda PB. Isso aconteceu em janeiro de 1983. Nesta época o Centro de Estudos Bíblicos (CEBI) estava dando os seus primeiros passos. Do DEBI tivemos a alegria de ter a colaboração de Frei Carlos Mesters e da Irmã Agostinha no seminário que se iniciava.

Em 1987 os primeiros alunos estavam concluindo a formação. Serão padres do campo para as suas comunidades ? Serão Missionários leigos consagrados ? Sobretudo a primeira questão estava nas mãos dos bispos. Eles não definiram claramente.   

Mas até 1988 - em que houve uma Assembleia dos bispos que apoiavam o Centro, juntamente com formadores e alunos -  a ideia do sacerdócio estava presente na formação. Aí ficou mais claro que a perspectiva de ordenação sacerdotal para os alunos que concluíram o período de formação era bem remota.     
Pouco a pouco foi se tirando da perspectiva a formação do Centro ligada à formação sacerdotal. O Centro então tomou como orientação encaminhar os jovens que buscavam o sacerdócio para as instituições correspondentes: seminários diocesanos ou congregações religiosas. Somente os jovens que aspiravam à missão no meio popular eram incentivados a entrar na formação do CFM.

A Fundação Dom José Maria Pires (FDJMP) é um órgão autônomo de direito privado que tem como atividade principal a educação no meio popular. Ela se constituiu no ano 2000 culminando um processo de 19 anos de experiência, neste campo, do Centro de Formação Missionária de Serra Redonda, da Arquidiocese da Paraíba, fundado em 1981 pelo então arcebispo Dom José Maria Pires e o Pe. José Comblin, cuja presença teve ajudado qualitativamente as atividades da Fundação.

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